herculano alencar Amigo Prata
Data de inscrição : 16/07/2009 Localização : São Paulo
| Assunto: Cabra Macho Ter Jan 19, 2010 4:35 am | |
| Cabra macho Herculano Alencar Vou contá uma estória, muito tempo assuscedida, lá nas brenha de Pretória, cidadezinha esquecida, onde o vento faz a curva, o sol tem reima c’a chuva, e o carcará é comida. Pois foi lá que assuscedeu, lá nos idos de quarenta, que um tal de Zébedeu, soltô fogo pelas venta e fumaça por de trás, e dixe que era capaz de lambê pé de pimenta e fôia de cançanção cum urtiga de vaqueiro; pegá cobra com a mão, comprá pinga sem dinheiro, se impanziná de feijão e depois soltá rojão, sem niguém sentí o cheiro. Êita que cabra zangado! Fobava mil valentia: Mais de dez tinha capado só d’uma noite pro dia; Emprenhô tanta barriga, que nenhuma rapariga ficou de de pança vazia. Dos marido, tinha dó, tanta era a sua beleza, que foi herdada da vó muié de muitcha nobreza. Quande êle aparecia, as mulé tudo se abria, feito galinha na mesa! De contá suas vantage, num parava por aí... Adispois de vadiage no sertão do Piauí, comeu pequi com caroço, e quando soltou o trôço, matô dois peba e um quatí. Diz que nadô rio arriba, nas água do Maranhão; passô pela Paraíba numa braçada de mão, penetrô nos oceano... Tiquinho mais de um ano, tava pra lá do Japão; Foi na briga, nem se fala! Tem uma mira certêra. Faz dez buraco de bala, sem tirá da cartuchêra. Cabôco metido à macho, acaba perdendo os cacho nos gome de sua peixêra. Tombém solta cangapé, bofete e rabo de arraia, e se alguém ficá de pé, antes que o cabra caia, pinta os beiço de vermêio, raspa tudo que pentêio, inda obriga a vestí saia. Cabra de pesca e de caça, de anzol e bacamarte, num tinha conta das taça que já ganhou nessa arte; Visgô inté tubarão, puxado à linha mão... serviu o bicho à la carte. Na caçada de espera usava rede de imbira, acertava qualqué fera sem precisá fazê mira; Inté cobra cascavél o home mandô pro céu, feito sandáia de tira Quande tinha jogatina, fosse carta ou tabuleiro, nos bordél de Teresina, ou no Rio de Janeiro, ele levava à falência, desde a mais alta gerência, às puta dos marinheiro. Mas tombém era escolado, falava língua estrangêra. Cantava e dançava o fado; fosse tango ou gafiêra, bolero, samba ou balé, usava as ponta do pé sem se importà cás friêra. Inté discurso, dançô, dia antes de eleição; seu candidato ganhô sem fazê corrupção; c´os voto de diantêra elegeu a raça intêra inté muié dos irmão. Poeta de muitcho estilo, só fazia rima rica, rimando isso e aquilo... Era tanta pulitrica... Que os home da bienal, chegaro inté passá mal, mode pegá a rubrica. Mas cuma todo Sansão tem lá as sua fraqueza... Pois né que o fío do cão, de tanto arrotá grandeza, foi cumê pé de tatu, com rabo de catitu, nas banda de Fortaleza; a cumida era reimosa, e tinha lá seus efeito: Espinho virava rosa, macho criava trejeito; tombém dava caganêra, discunjutava as cadêra vertia leite dos peito. Coitado do Zébedeu, cumeçô a falá fino, os dicumento enculheu, que nem cuião de minino. Inventô um rebolado, vestiu vestido cintado, mudêlo bem fimino. Se arrefeceu da macheza, sua munheca caiu... Já num tem tanta certeza se foi parido, ou pariu. Hoje veve nas esquina, diz que tem peito e valgina, e comichão no xibiu. Se no final dessa estória, alguém não se convenceu, existe um trem pra Pretória que sai lá do Ateneu. Quem quisé cumê tatu cum rabo de catitu, Vá atrás do Zébedeu! Seja crente ou ateu, muçulmano, ou cristão; seja budista ou judeu, de qualqué religião... vai incontrá no caminho um tal de Jusé Ferrinho contando outra versão. | |
|