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| | O Caçador de Boitatá | |
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+4Domfiuza Elaine Marli Franco Vilma Piva 8 participantes | Autor | Mensagem |
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Vilma Piva Amigo Diamante
Data de inscrição : 02/07/2009 Localização : Araras - SP
| Assunto: O Caçador de Boitatá Sáb Jul 04, 2009 8:34 am | |
| O Caçador de Boitatá Toda vez que leio cordel O coração quer a rima Bate forte, um grau acima Na saudade em tropel Dos contos do menestrel. Me lembro dos céus e climas Juntos irmão, tios e primas, Todos quase siderais Ouvindo loas de pais Viajamos auto-estimas. Pai contava atento a tudo No tempo que é tudo golpe Trotava verso a galope Altas noites vento mudo Contava causos, sisudo, Com a voz de tom profundo Dizendo num só segundo: - Juro que vi boitatá Fogo de “amedrontá” No além do mato fundo. Só queimava chispante Era uma bola de fogo Erigida sem ter rogo Do chão saia chispante De pavor e de rompante Vibrante nos perseguindo Tropel a nos inquirindo Zigue zagueando léu Avermelhando o céu Apavorando e fugindo. Rápido no seu caminho Cegaria num zás-trás Sem nunca olhar prá trás Ligeiro em desalinho Alcancei os cedrinhos. Saltei bem na dianteira Minha mão na cartucheira O tocaiei bem no ninho Vigiei bem de mansinho Luzindo na algibeira. Era fogo da clareira Descendo em direção Dos meus olhos a visão Da chama na corredeira Do boitatá na zoeira. O tiro certo eu mirei Ele caiu eu o olhei Nas águas do ribeirão Apagando sem senão Boitatá matreiro e fei’. Agora nem tem mais não Espanto e desatino Era dom do meu destino Ser ousado e valentão Minhas mãos e o coração Outras versões hão de ler Se um pouco mais quer saber Que o tempo descolore Mas à luz desse folclore Nada mais tenho a dizer. Vilma Piva
Última edição por Vilma Piva em Sex Jul 17, 2009 9:44 am, editado 6 vez(es) | |
| | | Marli Franco Amigo Diamante
Data de inscrição : 03/07/2009 Localização : São Paulo - SP
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Sáb Jul 04, 2009 8:39 am | |
| Vilma Querida Poeta belíssima criação, linda homenagem! As margens do folclore que tão bela mostra as lindas estórias contadas e recontadas inesquecíveis em nosso coração. um beijo de violetas e meu carinho | |
| | | Elaine Amigo Bronze
Data de inscrição : 04/07/2009 Localização : Monterrey México - - - Sao Paulo Brasil
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Qua Jul 08, 2009 2:37 am | |
| Vilma, com o perdao de parecer um comentario capeta, vai poetar assim lá longe, que amiga mais porreta!!!!!
excelente ....
beijos Elaine | |
| | | Domfiuza Amigo
Data de inscrição : 02/07/2009
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Qua Jul 08, 2009 5:45 am | |
| Vilma minha querida poeta. Uma beleza de cordel. Com muita qualidade e competência. Coisa de mestre mesmo. Adorei milhões.
Abraços de super fã
Domfiuza. | |
| | | danilo louro Amigo
Data de inscrição : 05/07/2009
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Qua Jul 08, 2009 6:33 am | |
| Vilma Que bacana!!! "Cordelando" em décimas! Muito bom. Beijo,
Danilo. | |
| | | Odir, de passagem Amigo Prata
Data de inscrição : 11/07/2009
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Qua Jul 15, 2009 3:42 am | |
| O BOITATÁ QUE VI
Um dia, meio bebaço, andando de cá pra lá dei de cara a um boitatá e disse:- Deus, o que faço? O danado tinha traço de dragão e de serpente. A boca cheia de dente, os olhos de fogo feitos duas ventas, quatro peitos, fascinado em comer gente!
O rabo, comprido e grosso, com a ponta arrebitada, língua longa e duplicada, uma serrilha no dorso. Pra não correr fiz esforço e de fitá-lo evitei. Tremi nas bases, gritei, O boitatá arrotou e do fogo que lançou ali mesmo me borrei.
Suado, verde, tremendo, da bebedeira curado cheiro fétido danado e o boitatá se mexendo. Quando ele viu eu o vendo e sentiu o cheiro meu, o fogaréu encolheu, parecendo enauseado. Dando um pulo para o lado no mato se escafedeu.
Agora, depois de tudo, quero contar um segredo. Estou morrendo de medo de todo bicho rabudo. Até comprei um escudo que me serve de acessório contra qualquer foguetório contra fogueira e archote. Hoge eu corro e dou pinote das velas dalgum velório!
Odir, de passagem, aplaudindo o canto em décimas de Vilma Piva | |
| | | Vilma Piva Amigo Diamante
Data de inscrição : 02/07/2009 Localização : Araras - SP
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Qui Jul 16, 2009 9:00 am | |
| Marli, querida Poeta Folclore e Cordel andam juntos. E a vontade de escrever uma homenagem ao meu pai, contador de muiiitas estórias, ficou claro que a identificação seria num cordel. Obrigada querida amiga Beijos Meus, Vilma | |
| | | Vilma Piva Amigo Diamante
Data de inscrição : 02/07/2009 Localização : Araras - SP
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Qui Jul 16, 2009 9:04 am | |
| Elaine, querida Poeta, Teu capetinha é do bem...rs Acendeu minha alegria!! Obrigadaaaaaa, querida amiga Vilma | |
| | | Vilma Piva Amigo Diamante
Data de inscrição : 02/07/2009 Localização : Araras - SP
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Qui Jul 16, 2009 9:13 am | |
| Daniel, querido Poeta, Mestre de Cordel Meu primeiro cordel em décimas você foi meu professor e tua revisão foi fundamental ! Gratíssima, querido Mestre !! Beijos Aprendizes da tua fã Vilma
Última edição por Vilma Piva em Qui Jul 16, 2009 10:14 am, editado 1 vez(es) | |
| | | Vilma Piva Amigo Diamante
Data de inscrição : 02/07/2009 Localização : Araras - SP
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Qui Jul 16, 2009 10:12 am | |
| Danilo, querido Poeta Bamba do Cordel.
Prá você eu tiro meu chapéu!!!
Confesso! Gosto de cordel e arrisco versos num tema quando posso vou na teima buscar o canto do menestrel. Aprendi com Mestre Daniel, Mestre Egídio e Rubênio Jorge Sales foi um gênio Nando e Odir tem o crivo Rimando forte e cativo, Danilo, tiro meu chapéu!
Beijos Lindos, Vilma
Última edição por Vilma Piva em Sex Jul 17, 2009 12:49 am, editado 1 vez(es) | |
| | | Vilma Piva Amigo Diamante
Data de inscrição : 02/07/2009 Localização : Araras - SP
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Qui Jul 16, 2009 10:20 am | |
| Odir, querido Poeta,
Adoreiiiiiiii e tô aplaudindo !! Maravilhosas décimas enriquecerndo o espaço com tua brilhante verve!!! Bravissimooo!!
Se não a matasse, vinha azá !
Pai sempre dizia verdade quem via de frente o boitatá tremia, corria até se borrá. Não importava qual idade se matuto ou da cidade o bicho era de assombrá. Surgia pronto de alastrá fogo de bebum e maldizê. Rabuda bola de entontecê Se não a matasse, vinha azá.Beijos Lindos, Vilma
Última edição por Vilma Piva em Sex Jul 17, 2009 9:42 am, editado 1 vez(es) | |
| | | Odir, de passagem Amigo Prata
Data de inscrição : 11/07/2009
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Sex Jul 17, 2009 3:04 am | |
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O meu pai também falava num boitatá gabarola, que parecia boiola pelo jeito como andava. Fogo fino assoviava quando fazia xixi, cantava como o Caubi e como Nei, vez em quando, para terminar casando com enorme sucuri!
Odir, de passagem(e o bicho vai pegar!!!) | |
| | | Vilma Piva Amigo Diamante
Data de inscrição : 02/07/2009 Localização : Araras - SP
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Sex Jul 17, 2009 9:32 am | |
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Casado o boitatá boiola Usava cílios postiços Enfeitava fogo de viço Na ardentina de mola Que a sucuri foi esmola No rastejo do rabicho. Ele queria todo bicho De fogo solto nas ventas Com forte cheiro de menta E um dragão por capricho.(Viixêeeee .....agora a chispa vai pegar...) | |
| | | Elaine Amigo Bronze
Data de inscrição : 04/07/2009 Localização : Monterrey México - - - Sao Paulo Brasil
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Sex Jul 17, 2009 8:16 pm | |
| Gente que delícia, ver esse cordel ir alongando...rs de muito longe acompanho!! beijos e saudades, Elaine | |
| | | Odir, de passagem Amigo Prata
Data de inscrição : 11/07/2009
| | | | Vilma Piva Amigo Diamante
Data de inscrição : 02/07/2009 Localização : Araras - SP
| | | | herculano alencar Amigo Prata
Data de inscrição : 16/07/2009 Localização : São Paulo
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Sex Jul 31, 2009 7:31 am | |
| O caçadô de Vampiro Herculano Alencar
Foi tiro e queda, seu moço! Os três caroço de chumbo, todos três no mesmo rumo, foi se alojá no pescoço. A onça soltô um trôço e gruniu de agonia. Pela luz que me alumia! Já vi cabra bom de tiro, mas iguá ao Valdomiro, nem os rei da monarquia.
Inda me alembro do dia: Foi no primeiro de abril, já quais nos ano dois mil, lá do sertão da Bahia -num alembro se chovia- que o caçadô, Valdomiro, o cabra a que me refiro, partiu pro sul africano, com seu matulão de pano, caçá um bicho vampiro.
Num soltô um só suspiro na hora das despedida. Calçô as bota comprida, as calça de casimiro e partiu pro seu retiro: Polvorinho na cintura, carne seca, rapadura, farinha d'agua, pimenta... cabelo entupindo as venta: A sua maió fartura!
Quem oiasse a criatura, era de tê pesadêlo, arrepiá todo os pêlo inté senti a gastura de vê tamanha brabura pindurada no espinhaço. Sem dá mostra de cançaso, sem um pingo de pavô, Valdomiro, o caçadô, nunca foi de tê cagaço.
Lá se foi, marcando passo, cuma quem tá no quartel, se aprumando no chapéu, feito de papel almaço. Se foi... o home de aço, o nosso herói nordestino, galopando, sol à pino, em riba dum pangaré, que niguém punhava fé, fosse chegá no destino.
Deu um cheiro nos menino e um arrocho na muié: —Inté quande Deus quisé, pelas graça do Divino; Lembrança pro Zeferino, pro Zé Ferro, pro Valdez, pro capitão, pro turquês, pras muié do Ateneu. Tobém fica o meu adeus pros amigo português.
Adispois de quase um mês, já em terra africana, bebeu dois litro de cana quase tudo de uma vez. Sem senti a embriaguez, mode manter os sentido e ascutá os ruído das fera mais assasina, deu início na rotina e aguçô os ouvido.
Tirô, de couro curtido, uma tirinha de sola que dava nó na sacola onde guardava escondido, -herança dum falecido- a munição empregada, devidamente arrumada nas caçada de espera e a lazarina amarela de coronha envernizada.
Deu-se início a caçada! Só ele e sua corage naquela mata selvage atrás da fera encantada. Vertia sangue a malvada, era só o que sabia. Mode ninguém conhecia, que até falá dava mêdo. O nome era um segrêdo que o matagal escondia.
A primera valentia veio logo e sem demora, quande no nascê da aurora uma medrosa cotia, de assutada, corria de uma vara de queixada. Lazarina carregada cuspiu pra tudo que é lado e no lugá foi deixado cinquenta tripa furada.
E a cotia, coitada! De tanto agradecida se ofereceu de comida, sendo, é claro, injeitada. Hoje ela tá vacinada num zoológico da cidade, provando a veracidade deste fato acontecido. Tivesse, a bicha, morrido, iam chamá de covarde.
Dispois, um pouco mais tarde, outra prova de bravura: Um leão de meia altura quis amostrá sua arte. Ele, prevendo o desastre, engoliu quatro caroço, botô as mão no pescoço e o cu no rumo do vento... Ajustou o pensamento pelo o tamanho do trôço
e arremeçô, sem esforço, um peido tão fedorento que o bicho lazarento, que já num era tão moço, ficou que nem carne e osso, as banha se derreteu. E tudo o que ele cumeu nos longos ano de vida, é uma estauta escupida, que hoje enfeita o museu.
Outro dia amanheceu pro valente caçadô! O dia de mais calô, dispois que o leão morreu. Antes ele do que eu, cuma se diz no ditado. —Descanse em paz o coitado! Matutava Valdomiro. Dispois dum breve suspiro, quande avistou um viado.
—"Tava tiquin assustado, Como quem tivesse afim... Oiô de longe pra mim, cum jeito desconfiado; ensaiô um rebolado e fugiu em disparada, mantendo a calda arriada protegendo o orifício, que, por obra de ofício, deixou as pata cagada".
Atrás dele uma manada de bicho rinoceronte, cada um o mais gigante c'as boca escancarada, parecendo dá risada, niguém sabe lá do quê; Danou-se os pé a corrê no rumo de valdomiro. Só precisô dá um tiro e oiá os bicho morrê.
Fizero por merecê o chumbo do caçadô, que ainda fez o favô de num botá pra sofrê. Eu digo a vocimicê, que em outra ocasião, talvez capasse os cunhão antes da morte chegá, pra enfiá no lugá, donde escapa a digestão.
Agora... muita atenção! Chegô a hora esperada... Valdomiro e a caçada sozinhos na escuridão... As tripa de prontidão, roncava que nem cuíca, o cu assoprando a pica com as reserva pum, o gaz de seu dejejum: Batata doce e canjica.
E foi tanta pulitrica na espera do vampiro, que, só mesmo Valdomiro, cuma a estória publica, pôde assiná a rubrica pra dá autenticidade, pois qualqué otoridade que saiba hematofilia, aceita, por serventia, que tudo isso é verdade.
No céu, uma claridade! É noite de lua cheia! Vampiro esperando a seia... E, ele, oportunidade... Tinha um cheiro de maldade espalhado pelo vento, que a emoção do momento parecia num tê fim e até os mói de capim serviam de documento.
Apareceu o sangrento! Um estranho animal, de boca na vertical exibindo o seu talento. No primeiro movimento, Valdomiro, dominado, jogô as arma de lado e os dote de caçadô. Seja esse bicho o que fô: O caçadô foi caçado!
Pelo prazer da companhia!
Bjs, Herculano | |
| | | Luna Amigo Bronze
Data de inscrição : 25/05/2010
| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá Sex maio 28, 2010 8:10 am | |
| Adorei todos os cordéis que li aqui. Bravo! Ler em cordel o floclore brasileiro é sensacional! | |
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| Assunto: Re: O Caçador de Boitatá | |
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| | | | O Caçador de Boitatá | |
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