Lembrança de natal
Herculano Alencar
Há mais de dois mil anos, em dezembro,
nascia um sujeito diferente.
Ainda um projeto, uma semente...
se era germinal eu não me lembro.
Dizem que era Deus e era gente.
Ao mesmo tempo, homem e menino.
E que já conhecia seu destino,
e que sofreu a dor que niguém sente.
Dizem que construiu um novo idílio
em que o pai rimava com o filho
desde o primeiro verso, ao final.
Hoje, às portas de um novo dezembro,
eu devo confessar que ora me lembro
das compras do meu último natal.